quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Conjugando com "nós"

Interessante e, ao mesmo tempo, tão difícil escrever o que se sente. Difícil pois o resultado será mera racionalização de algo que é pra ser sentido. Muitas vezes, são racionalizações carentes de palavras e expressões para esmiuçar o que vem de um lugar que se acessa com o coração e não com a nossa razão, cheia de palavras, "porquês" e "pra ques". Interessante pois para tentar escrever é preciso sentir, degustar aquele sentimento, entender até aonde ele vai, onde começa e de onde veio. É um exercício de auto conhecimento profundo e que pode nos ensinar muito sobre nós.

Bom, vamos sentir o que ando sentindo.

"Eu amo você!" Quem disse isso? O coração ou a minha cabeça? Mais uma racionalização ou um sentimento que saiu em palavras? Ouço, leio e o mundo me conta que está amando? É amor? É mesmo? Sabes o que sentes?

Bom, acordei pensando nela, virei pro lado e lá ela estava, dormindo um soninho tranquilo, quase que sorrindo pra algum sonho bom. Fechei os olhos e olhei pra dentro, fui buscar aquele sentimento. Me peguei sorrindo e vi que ele está ali quando sorrio com os olhos, quando o que sinto transborda em lágrimas de felicidades, está num cafuné, num beijo de boa noite e também naquele agradável silêncio que se faz enquanto os olhos conversam. Sinto um sentimento que é puro, faz cócegas na minha alma, que me coloca no meu centro, ao mesmo passo que é capaz de tirar-me dele. Perco o chão, fico sem norte e não me importo porque sei que ele me leva sempre a lugares bons.

Respirei profundamente, estava calmo, sereno. O pensamento sobre aquele sentimento se foi. Com a mente, desenhei seu lindo sorriso, sua boca, o nariz e seus olhos repletos de paz. Fiz o contorno do seu rosto enquanto lembrei da textura da sua pele, senti seus cachos entre meus dedos e o cheiro do seu perfume subiu no ar. Me vi olhando pra ela mesmo estando com os olhos ainda fechados. "Meu amor" falei pra mim mesmo e decidi que não há melhor vocativo para chamar a mulher que amo.

Novamente, o sentimento estava comigo e, mais uma vez, repeti internamente a palavra "amor" para evocá-lo. Indo mais fundo no que estava sentindo, percebi que o sentimento não havia me deixado e retornado. Ele esteve ali o tempo todo. Aprendi que pensar nela é pensar em amor e pensar em amor é pensar nela. Ela é a personificação do que sinto, é pra onde corre toda essa energia denominada amor. Ultimamente, encontro-me conjugando verbos com "nós", quero as coisas pra nós fazermos, quero que nós vivamos os momentos juntos, dividir nossas alegrias e realizações, quero que nós gargalhemos juntos das bobagens da vida. Somente o que sinto por ela é capaz de incitar tais desejos.

Acho que se está amando quando não é possível pensar em felicidades distintas, apenas na felicidade conjunta e compartilhada, quando se acorda e vai dormir com a mesma pessoa em nossas mentes, quando é possível sorrir com cada célula do seu corpo pelo simples fato daquela pessoa existir. Amar é se iludir que aquelas noites inesquecíveis não terão fim, é acreditar que o cara lá de cima colocou um anjo na terra só pra você.

Ouço um suspiro profundo, sei que ela acordou. Abro os olhos e a vejo despertar. "Bom dia, amor, você me faz feliz!"

"Eu amo você" é dito por todas as células do meu corpo em uníssono como mais uma forma de demonstrar o que sinto por você. Sim, é amor, com certeza.

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